Imagine que você está diante de um jardim, olhando para o gramado. Você vê aquele tapete verde, uniforme, bonito. A visão que você tem é do todo, consegue observar características genéricas, algo como um bloco único. Agora, você começa a se aproximar do gramado. Quanto mais perto chega, mais elementos entram no seu campo de percepção. É como se um novo mundo fosse se abrindo, diante dos seus olhos.
Desde este ponto de vista, é possível notar que cada folha tem uma leve diferença na tonalidade do verde, o formato das plantas, o seu cheiro, a textura da terra na qual estão plantadas, outras espécies que surgem no meio do gramado principal, o vai e vem de pequenos insetos vivendo ali e muitos outros detalhes. Quanto mais perto você chega, menores são as particularidades que pode enxergar. Sutilezas que passariam despercebidas a um olhar menos atento.
Assim acontece quando meditamos. Ao fecharmos os olhos e entrarmos em um estado expandido de consciência, somos capazes de perceber a importância do macro, mas também temos a compreensão do micro e de tudo aquilo que é sutil e demanda empenho para ser notado. Geramos a percepção de como estão interligados os elementos e de quais são as suas conexões. Ao mesmo tempo, deixamos de depender das analogias racionais e logramos conectar a coerência intrínseca de cada peça. Um universo se abre e, com ele, novos entendimentos.
Para lograr vivenciar este estado de consciência, é preciso disciplina, constância e uma pitada de paciência. Nem sempre é fácil treinar corpo, emoções e mente para que eles estejam prontos para esta experiência enriquecedora. Engana-se quem acha que a meditação acontece de uma hora para outra.
Para ser capaz de aproximar-se do gramado, é necessário flexibilidade para abaixar o corpo, força para sustentar a posição, a visão aguçada para enxergar os pequenos detalhes, concentração para abstrair-se das distrações… Mas, apesar de tudo isso, a cada vez que você tenta, um novo elemento pode ser percebido, o que torna o caminho interessante. Dia após dia, com a insistência de quem está obstinado, a experiência mostra-se cada vez mais fácil e, com o tempo, prazerosa. É como diz o velho ditado “tudo é difícil, até que fique fácil”. Agora, feche os olhos e desfrute!